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Sabedoria de Avó… 12 abril, 2011

Posted by Mônica Góes in Textos.
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Quando eu for bem velhinha, espero receber a graça de, num dia de domingo, me sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de Porto (ou até um Cabernet), dizer à minha neta:

 – Querida, venha cá. Feche a porta com cuidado e sente-se aqui ao meu lado. Tenho umas coisas pra te contar.
E assim dizer, apontando o indicador para o alto:
– O nome disso não é conselho; isso se chama colaboração! Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas conclusões. E agora, do alto dos meus 82 anos, com os ossos frágeis, a pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta saudável e forte. Por isso, vou colocar mais ou menos assim:
É preciso coragem para ser feliz. Seja valente.
Siga sempre seu coração. Para onde ele for, seu sangue, suas veias e seus olhos também irão. Satisfaça seus desejos. Esse é seu direito e obrigação.
Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te fazer crescer, mas escolha entre ser uma grande menina ou uma menina grande, vai depender só de você.
Tenha poucos e bons amigos.
Tenha um jardim.
– Aproveite sua casa, mas passeie, viaje bastante.
– Cuide bem dos seus dentes.
– Experimente, mude, corte os cabelos.
– Ame. Ame pra valer, mesmo que ele seja o carteiro.
– Não corra o risco de envelhecer dizendo “ah, se eu tivesse feito…”
– Vai que o carteiro ganha na loteria… tudo é possível, e o futuro é imprevisível.
– Tenha uma vida rica de vida! Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela.
– Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir fazer amor.
– E tome conta sempre da sua reputação, ela é um bem inestimável.
– Porque sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance elas inventam também detalhes desnecessários.
– Se for se casar, faça por amor.
– Não faça por segurança, carinho ou status.
– A sabedoria convencional recomenda que você se case com alguém parecido com você, mas isso pode ser um saco! Prefira a recomendação da natureza que, com a justificativa de aperfeiçoar os genes na reprodução, sugere que você procure alguém diferente de você.
– Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e desconfie da visão.
– É o seu nariz quem diz a verdade quando o assunto é paixão.
– Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e do armário, seus instrumentos de criação.
– Leia. Pinte, desenhe, escreva.
– E, por favor, dance, dance, dance até o fim, se não por você, o faça por mim.
– Compreenda seus pais.
– Eles te amam para além da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam, e sempre farão.
– Não cultive as mágoas – porque se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinza.
– Era só isso minha querida.
– Agora é a sua vez.
– Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte: como vai você?…

Um dia você aprende… 23 setembro, 2009

Posted by Mônica Góes in Espiritualidade, Vídeos.
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Este texto é um dos meus preferidos… e ele será postado aqui, tantas vezes e de tantas formas, cada vez que ele adentrar a minha vida…

Energia monetária 7 junho, 2009

Posted by Mônica Góes in Comportamento, Meus Escritos, Pensamentos.
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Ontem assisti a uma palestra sobre Energia Monetária. Muitas coisas eu já sabia, outras eu nunca avaliei, algumas eu jamais ouvi falar e destas últimas confesso que não entendi lhufas.

Mas uma pergunta interessante (e que se não bem direcionada pode fazer uma pessoa surtar): O que você planeja para sua vida?

Não sei na sua cabeça, mas na minha vem uma ascenção profissional bacana (que já comecei a alguns anos, afff…), um bom emprego, um salário adequado, uma família constituída, estável, harmônica.  Ou seja: condições mínimas para uma boa subsistência e consequente sobrevivência…

Aí uma pessoa te diz que tudo isto é fruto não do que você efetivamente precisa, mas coisas que o capitalismo e sociedade ditam que você precisa para entrar nos moldes do aceitável. Ok… concordo… (em partes). E que este é o “luxo material” que nos faz esquecer do “luxo da essência”. Este último, coisas simples que gostamos de fazer e que não requer roupa de marca, comida sofisticada, carro do ano, aparências para o exterior. Bom… uma boa verdade. Um pôr-do-sol, um sorvete no fim de tarde, brincar com seu filho, um dvd com pipoca, ou seja, coisas que de tão preocupados em TER, nos faz esquecermos de SER. Depois desta explanação (e aí vem o surto…) veio de novo a pergunta: “O que você planeja para sua vida?”

Vazio. Eco. “Tudo o que você sabe está errado”, plagiando um amigo meu, Osmar. Esquecer de TER e focar no seu luxo essencial.

Concordo que nossa vida ultimamente anda calcada em coisas que queremos ter e num ser social ditado pelo capitalismo. Porém, o luxo essencial não paga a escola de meu filho nem a conta de luz. Ok… não sejamos tão radicais e ponderemos as coisas. Chega de drama por hora. Mas na dinâmica de pensar em boas lembranças de sua vida baseadas neste conceito de luxo essencial, de fato tem experiências muito melhores do que degustar uma garrafa de vinho de R$ 70,00 (apesar de que, baixando o valor da garrafa e associando uma bela noite de luar, pode ser um luxo essencial e tanto 🙂 ). Lembrei de Mirabel…

Para os desmemoriados ou que não tiveram infância! hauhauahua

Para os desmemoriados ou que não tiveram infância! hauhauahua

Mirabel com refrigerante quente (na minha escola não tinha frigobar na sala como na de meu filho) no recreio (e não no “intervalo”). Era bom demais! Sinto o cheiro do recreio, das lancheiras sendo abertas nas mesas, nos bancos largos do salão, no chão… luxo essencial.

Ótima dinâmica… mas perigosa e que pode a levar a um surto muito maior. Lembre (você aí também) do momento mais marcante de sua infância. Não sei para você que me lê, mas para mim, que fui uma criança criada em cima do luxo material, não achei nada para lembrar dissociando estes conceitos. Ao menos da minha primeira infância. E o que marcou de fato, não foi lá uma das melhores experiências (nada grave, não aguce a curiosidade e a criatividade porque não vale a pena!). Pais envolvidos no luxo material podem errar (tentando acertar) criando seus filhos da mesma forma.

Ok, ok, ok… mas chega de viagem. Essa parte da minha essência (ou neuroses se preferir. De perto ninguém é normal) eu trato na terapia. Mas vamos ao conceito primordial compreendido pela minha ignóbil pessoa a respeito da palestra. A energia monetária flui quando você traz para si mais luxos essenciais. Quando você não vive de aparências desejando coisas que naquele momento você definitivamente-não-pode-ter. (Farei um post interessante sobre o que você deseja e pede. Farei um beta para ver se funciona! kkkk). Quando você aplica na sua vida o princípio do vazio (Essa eu já conhecia e vira e mexe faço. Odeio quinquilharia e coisa velha. Se não o conhece, use o Bing – www.bing.com.br – e pesquise 😀 ). Ou seja, crie espaço para as coisas chegarem até você. Não o que ditam que você precisa ter para não ser um fracassado, mas aquilo que você realmente precisa ter e que te faz bem.

E agora? O que você planeja para sua vida? (Quando eu achar a resposta te conto!) 🙂

“… Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer…” 20 maio, 2009

Posted by Mônica Góes in Textos.
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 Mulheres Possíveis

  (Texto na Revista do Jornal O Globo)

  ‘Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é  possível, me ofereço como piloto de testes.

 Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa  fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (se tiver), telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e mails, faço revisões no dentista,  mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação!

 E, entre uma coisa e outra, leio livros.

 Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.

 Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.

 Primeiro: a dizer NÃO.

 Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.

 Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

 Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.

 Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

 Você não é Nossa Senhora.

 Você é, humildemente, uma mulher.

 E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.

 Tempo para fazer nada.

 Tempo para fazer tudo.

 Tempo para dançar sozinha na sala.

 Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.

 Tempo para sumir dois dias com seu amor.

 Três dias.

 Cinco dias!

 Tempo para uma massagem.

 Tempo para ver a novela.

 Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.

 Tempo para fazer um trabalho voluntário.

 Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.

 Tempo para conhecer outras pessoas.

 Voltar a estudar.

 Para engravidar.

 Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.

 Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente  organizada e profissional sem deixar de existir.

 Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela  quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.

 Existir, a que será que se destina?

 Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.

 A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

 Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.

 Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!

 Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.

 Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

 Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.

 Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

 E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante.’

Martha Medeiros – Jornal O Globo

Vende-se tudo 11 janeiro, 2009

Posted by Mônica Góes in Textos.
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Martha Medeiros

No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos.
O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento. Uma outra mãe, ao meu lado, comentou:
– Que coisa triste ter que vender tudo que se tem.
– Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida. Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes. O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa.
Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém aparecesse. Sentados no chão. O sofá foi o primeiro que se foi. Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante. Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas. Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu, mais sem alma .
No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê. No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros. Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material. Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo. Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar.
Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que torna-se cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que estiveram presentes na minha vida. Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile .
Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio.
Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.
Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde.
Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza.
…e se só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir, é melhor refletir e começar a trabalhar o DESAPEGO JÁ!
“Sempre acabaremos chegando aonde nos esperam” -Saramago –